27 abril 2005

Olga

Brasil, 2004
Desde que vi o trailer de Olga em meados do ano passado eu havia dito que não assistiria nem amarrado. O porque desta decisão? Porque um filme dirigido por um diretor de novelas (Jayme Monjardim, aquele que pediu demissão de América), especialista em cenas de impacto visual para fortes emoções, não poderia ser muito melhor que algo tipo Pantanal ou Terra Nostra.
Se não assisto estas porcarias da televisão, por que o faria no cinema?
Bom...após insistentes pressões de minha querida namorada, pegamos o dvd no final de semana passado e eis que tenho uma surpresa!! O filme consegue ser ainda pior do que havia imaginado.
Sonolento, mal dirigido, mal escrito, atuações risíveis, enfim um legítimo melodrama!
Apostando numa fórmula fácil, o roteiro elimina toda e qualquer surpresa ao entregar no início da trama a personagem central em decadência física num campo de concentração nazista. Daí em diante não sobra muito para adivinhar. Outro tropeço enorme está na recriação de Luís Carlos Prestes (Caco Ciocler). Transformaram o ícone socialista brasileiro num personagem prá lá de bundão, numa interpretação deplorável. Tá certo que pelo que se lê nos livros de história seu perfil nunca foi muito expansivo, mas Prestes merecia mais.
Outro ponto que não se entende no filme é como se inicio a paixão de Olga por Prestes, pois o roteiro trata tudo de uma forma muito rasteira e esquemática. Clichê puro.
Camila Morgado como Olga (numa atuação caricata), Fernanda Montenegro (que roubada hein?), Osmar Prado, e entre outros se esforçam bastante, mas falta direção mesmo. Falta convicção e coragem para filmar e arriscar mais.

Fico muito triste de ver uma reconstrução de nossa história tratada com tamanho desleixo.
Para se ter uma idéia, fica muito dificil de situar-se no filme, pois mesmo os personagens estando na União Sovética, Alemanha, num navio ou no Brasil, a língua utilizada pode ser sempre uma surpresa, oras alemão, oras russo, oras português. Eu não consigo imaginar a chefe de uma prisão alemã falando um português com sotaque carregado de alemão e as vezes em alemão mesmo....complicado. É cômico para não dizer trágico.
Já não é a primeira e nem será a última produção da Globo Filmes que trata cinema com ares folhetinescos. É incrível a facilidade que a produtora cria filmes insípidos e rasos, Deus nos acuda!!!
Também, o que se esperar de uma rede de televisão fazendo cinema? No mínimo, consideração pela sétima arte!!!