26 novembro 2004

Elefante

(Elephant) EUA, 2003
Gus Van Sant não conquistou a Palma de Ouro de Melhor Diretor e Melhor Filme em Cannes 2003 por acaso com este filme.
Em 20 de abril de 1999, dois garotos entraram na escola armados até os dentes e atiraram em 13 estudantes.
A recriação da tragédia na Escola Superior de Columbine - Colorado, Estados Unidos, é contada em tom semi-documental. A Câmera passeia pelos locais e seus personagens. As histórias de cada um vão se sobrepondo e criando a atmosfera do filme. A utilização de atores desconhecidos não foi por acaso, pois a fama de astros não ajudaria em nada ao desenrolar da película, atrapalharia e daria luz aonde não deveria ter. Nunca a obscuridade poderia ter sido tão bem utilizada.
O uso de flashbacks e cenas com diferentes pontos de vista tentam mostrar o mundo adolescente como ele é: percepções, instintos, posicionamentos diferentes, etc, enfim como a vida é.
Gus Van Sant sempre gostou de temas malucos, relacionados a drogas, trips, sexo, etc, mas nos últimos anos havia se rendido a indústria de Hollywood. Seus filmes haviam perdido a verve independente.
Bem-vindo Gus, e de preferência, fique onde você pertence. Independência é liberdade!!
Não perca!! Corra para a locadora.


Má Educação

(La Mala Educación) Espanha, 2004
Pedro Almodóvar dizem estar mais maduro. Seus últimos filmes estão mais sérios, mais adultos, menos escrachados. Mas aí estava uma de suas grandes dádivas. Almodóvar sério, significa que o peso de suas histórias ficam mais contundentes ainda, vide Fale com Ela. Má Educação é um bom exercício de cinema, uma aula eu diria, mas inferior aos anteriores, Carne Trêmula e Tudo Sobre Minha Mãe.
Gael Garcia Bernal (Diários de Motocicleta) interpreta muito bem os personagens principais e se mostra um excelente ator (algo que já tinhamos visto em Diários). Aliás, Almodóvar é um grande contador de histórias e um grande diretor de atores.
Má Educação é uma excelente história, quase que impecável, eu disse quase...
No âmbito geral eu gostei do resultado, fotografia bonita, música nervosa, e ambiente intrigante. Mas eu queria mais.......Assista e diga se eu sou chato, ou o que.



22 novembro 2004

Osama

Afeganistão/Japão/Irlanda, 2003
Primeiro filme feito após a queda do regime Talibã, Osama retrata a vida de uma menina que se vê obrigada a se fazer passar por um menino para poder trabalhar e sustentar sua mãe e avó, já que perdeu seu pai na guerra contra os soviéticos.
O grande segredo dos filmes feitos no oriente médio está na força da imagem e não nos diálogos. Com Osama, isso não é diferente. A película é um veículo para seu diretor Siddiq Barmak, circular pela pobreza afegã com crueldade e secura, e com grande realidade. As cenas de recrutamento para o exército de Bin Laden e o momento de banho já valem o filme, seja pelo suspense, seja pela repugnância que nos causa em conhecer mais profundamente a realidade deste povo. Mas com certeza não é um filme que irá agradar a muitos, porém ninguém poderá dizer que não toca o coração.
E se você não tem medo de ficar um pouco mais culto, vá à luta e veja o filme, pois vale a pena!

17 novembro 2004

Do Jeito Que Ela É

(Pieces of April) EUA, 2003
Ignore o título em português e aventure-se nesse embrenhado familiar. Garota decide fazer um almoço de Ação de Graças para receber sua família com a qual tem um péssimo relacionamento. Junte a isso uma mãe com câncer, uma irmã puxa-saco e um pai completamente crédulo na missão de paz familiar.
Com um roteiro enxuto que esbanja sabedoria, o diretor estreante Peter Hedges valoriza os diálogos e abusa na falta deles para contar uma bela história de amor familiar. As risadas virão ao natural, seja por nervosismo ou puro deleite. Katie Holmes (Garotos Incríveis e Vamos!) está ótima no papel de April e Patricia Clarkson (Dogville e O Agente da Estação) arrebenta no papel da mãe em estado quase terminal. Repare também em Oliver Platt (Linha Mortal e Tempo de Matar), que interpreta o pai, num papel bastante diferente dos que ja fez. Não perca.


11 novembro 2004

De Passagem

Brasil, 2003
O filme vencedor do Festival de Gramado 2003 finalmente aparece em DVD e VHS para a minha satisfação. Infelizmente não havia conseguido ver no cinema, e agora preenchi este erro em minhas anotações.



Eu não diria que possamos chamá-lo de um pequeno grande filme, ou de um grande pequeno filme, mas sim de uma singela, porém contudente contribuição para o cinema nacional.
Se de um lado vemos uma Argentina fazendo cada vez mais filmes de qualidade com baixos orçamentos (leia o post de O Abraço Partido), o diretor Ricardo Elias criou um memorável filme de relações humanas da mesma forma. Eu diria que é um filme que retrata uma dura realidade da periferia brasileira e até mesmo latina, porém mostrando o lado da amizade, da infância e dos laços familiares.
Finalmente podemos dizer que o cinema nacional não vive só de sua violência e de sua pornochanchada.
Viva o novo cinema nacional. Viva o século 21. E que venha mais, por favor.

10 novembro 2004

Star Wars - Episode 3: Revenge of The Sith

Previsto para estrear mundialmente em maio de 2005, o terceiro e derradeiro longa da longa da trilogia Star Wars (ou seria uma sextologia?), acaba de aparecer na forma de seu primeiro trailer ou mais propriamente dizendo teaser.
Confesso que sou fã da série desde criança e que não consegui aguardar minha ansiedade.
Confesso também que com a mesma ansiedade aguardei o Episódio 1: A Ameaça Fantasma e o Episódio 2: Ataque dos Clones.
Sei que toda a tecnologia digital facilita a vida de George Lucas, mas tira bastante o brilho contido nos longas anteriores (A Nova Esperança, O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi). George Lucas, para dizer a verdade, perdeu o cacoete de diretor e se transformou num grande produtor e mecenas cinematográfico, onde tudo o que toca vira ouro. Rei Midas.
A Ameaça Fantasma me decepcionou um bocado quando vi no cinema em 1999, pois esperava, provavelmente, assistir a outro A Nova Esperança, o que não aconteceu. A magia não era a mesma, afinal de contas se passaram mais de 20 anos. Excesso de efeitos e história meio dã...
Ataque dos Clones, ficou dentro de minhas espectativas, bons atores, mal dirigidos, recheio de efeitos digitais, e ação do início ao fim. Abaixo de todos os outros, mas não se pode ter tudo.
Do novo procuro não esperar nada, mas que o teaser deixa a gente, fãs de carteirinha, com água na boca, deixa.
Que venha maio de 2005, mas que venha logo, porque apesar de esperar por uma provável decepção, tenho certeza que assistirei várias vezes, assim como os anteriores.



clique aqui para ver o trailer

05 novembro 2004

O Abraço Partido

(El Abrazo Partido)
Argentina/Espanha/França/Itália, 2004
Ei você aí!! Você sabia que o cinema latino está cada vez melhor? Mais universal e menos político? E isso sem necessariamente precisar de grandes orçamentos. Em que ano você vive? 84, 85, 86? Pffffff.......Você ainda vive de Eu Sei Que Vou Te Amar (Brasil), A História Oficial (Argentina) e outros resquícias de nossas ditaduras militares? Te liga então, porque o cinema latino além de ter todos os predicados que mencionei acima, ainda por cima te faz rir com inteligência, sem necessidade de pornografia ou coisa do gênero.
Você não viu nada produzido na América Latina dos últimos 10 anos??? Ahh... só alguns nacionais, e mesmo assim, aqueles que foram indicados ao Oscar (glup!). Você está louco?
Você não sabe o que está perdendo!! Corre para o cinema mais próximo e assiste a este aqui!!! Garoto que perde pai, que cresce, que quer fugir da Argentina e ser cidadão europeu, tudo regado com muito azeite de oliva e tempero!! O ator uruguaio Daniel Hendler, no papel de Ariel, promete, seus trejeitos e sua atuação me remetem a grandes atores!! Só sua sombrancelha e olhar já vale cenas do filme.
Corre, tá esperando o quê? Olga?? Fala sério!!!!


01 novembro 2004

Tróia

(Troy) Inglaterra/Malta/EUA, 2004
A superprodução de Wolfgang Petersen (Mar em Fúria), naufraga no vazio da história. As interpretações de Brad Pitt (A Mexicana), Eric Bana (Hulk), Orlando Bloom (Senhor dos Anéis - A Trilogia) e Peter O'Toole (Lawrence da Arábia) são insuficientes e rasas, não dando a profundidade necessária para preencher uma tela recheada de efeitos especiais. Só mesmo as belas coreografias de lutas e batalhas conseguem nos dar uma dimensão do que pode ter acontecido em um passado tão distante e tão sangüinolento.

É uma pena ver tanto dinheiro empregado em cenários, roupas, efeitos, e o talento de bons atores desperdiçado em filme completamente esquecível. Esse nem Helena de Tróia salvava!!!